A Defesa Civil de Gaza acusou nesta segunda-feira o exército israelense de cometer “execuções sumárias” durante o ataque que matou 15 socorristas em março no território palestino, contradizendo as conclusões de uma investigação divulgada no domingo por Israel.
“O vídeo gravado por um dos paramédicos demonstra que a versão da ocupação israelense é falsa e comprova que foram realizadas execuções sumárias”, declarou à AFP Mohamed Al Mughair, autoridade da Defesa Civil de Gaza.
Segundo ele, Israel tenta “se esquivar” de suas obrigações conforme o direito internacional.
No dia 23 de março, poucos dias após retomar sua ofensiva na Faixa de Gaza, soldados israelenses abriram fogo contra um comboio de ambulâncias em Rafah, no sul do território palestino — um ataque amplamente condenado pela comunidade internacional.
Uma investigação do exército israelense, cujas conclusões foram divulgadas no domingo, apontou “falhas profissionais”, “descumprimentos de ordens” e “mal-entendidos” entre os soldados envolvidos no ataque.
O episódio deixou oito mortos da equipe do Crescente Vermelho Palestino, seis membros da Defesa Civil de Gaza e um funcionário da agência da ONU para refugiados palestinos (Unrwa), segundo o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
Israel afirmou que seis membros do Hamas, o grupo islamista palestino responsável pelo ataque sem precedentes em território israelense em 7 de outubro de 2023, estavam nas ambulâncias atacadas.
O exército israelense anunciou a destituição de um oficial que comandava as tropas naquele dia, mas alegou que os soldados “não atiraram indiscriminadamente” e que “não encontrou provas que sustentem as acusações de execução”.
Os corpos dos socorristas foram encontrados dias depois do massacre, enterrados na areia, em uma área que o OCHA classificou como “vala comum”.
O Crescente Vermelho Palestino rejeitou as conclusões da investigação israelense.
“O relatório está cheio de mentiras, não tem validade e é inaceitável, pois tenta justificar as mortes e atribui a responsabilidade a um erro individual de comando em campo, quando a verdade é muito diferente”, declarou no domingo à AFP Nebal Farsaj, porta-voz da organização em Ramallah, na Cisjordânia ocupada.
O massacre gerou uma onda de indignação internacional, e o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, afirmou que o caso levanta dúvidas sobre possíveis “crimes de guerra”.
noticia por : UOL