Paris: tesouros salvos da Faixa de Gaza são expostos no Instituto do Mundo Árabe

Cerca de 130 peças arqueológicas excepcionais, que datam da Idade do Bronze até os dias de hoje, são apresentadas em uma mesma sala. Há desde ânforas, estatuetas e objetos funerários, até um mosaico gigantesco da Idade Média e lâmpadas que passaram mais de 2.000 anos debaixo d’água.

Intitulada Tesouros resgatados de Gaza – 5000 anos de história, a mostra do Instituto do Mundo Árabe fica em cartaz até 2 de novembro. A exposição revela uma parte da história desconhecida do grande público: o prestigioso passado do enclave palestino, que nem sempre foi o campo de ruínas que as poucas imagens atuais divulgadas pela imprensa conseguem mostrar. Por 5.000 anos, a Faixa de Gaza foi uma cobiçada encruzilhada de culturas, ideias e civilizações entre a Ásia, a África, a Arábia e o Mediterrâneo. Próspera região comercial, ela foi um paraíso perdido em uma importante rota de caravanas, vista como uma pérola do Mediterrâneo por vários séculos.

Nessa mostra, presente e passado se confundem graças à cenografia, sem jamais esquecer o contexto atual do enclave. Aliás, o Instituto do Mundo Árabe fez questão de dedicar um espaço ao mapeamento dos bombardeios israelenses, em um trabalho realizado por vários grupos de pesquisa e acompanhado de um levantamento das últimas descobertas arqueológicas em Gaza. “Nada é pior do que o abandono e o esquecimento”, observa Jack Lang, ex-ministro da Cultura e criador da Festa da Música, que preside o Instituto do Mundo Árabe de Paris desde 2013.

Peças protegidas em Genebra

Até recentemente, Gaza abrigava uma grande quantidade de sítios arqueológicos de todos os períodos, testemunhando as civilizações egípcia, neoassíria, grega e romana que se sucederam nessa terra. E as peças em exposição na capital francesa estavam armazenadas em Genebra desde 2007, juntamente com centenas de outros objetos, depois de terem sido exibidas no Museu de arte e história (MAH) da cidade suíça. Mas devido à situação na Faixa de Gaza, os objetos nunca puderam retornar, embora um projeto de museu arqueológico de 20.000 m² devesse ser construído em Blakhiya com o apoio da Unesco. No final, o exílio na Europa acabou salvando temporariamente as peças.

A exposição parisiense também contou com a coleção particular do palestino Jawdat Khoudary, hoje refugiado no Egito, que doou suas obras-primas à Autoridade Palestina. Em 1986, esse empreiteiro de construção civil de Gaza decidiu proteger as riquezas de sua terra e exibiu cerca de 4.000 peças em um museu arqueológico no território, em 2008. Desde então, todas, exceto as que estavam armazenadas na Suíça, foram destruídas por Israel. Em 25 de março de 2025, a UNESCO observou, com base em imagens de satélite, que 61 edifícios de interesse histórico e/ou artístico, assim como sete locais arqueológicos, seis monumentos, três depósitos de bens culturais móveis e um museu haviam sido atingidos pelos bombardeios.

noticia por : UOL

sábado, 10, maio , 2025 06:45
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