Antes de Ancelotti: Seleção já teve até argentino como técnico 

A confirmação do italiano Carlo Ancelotti como técnico da Seleção, feita esta semana pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), coloca novamente um estrangeiro à frente do escrete canarinho após 60 anos. Sim, Ancelotti não será o primeiro técnico nascido fora do Brasil a comandar a Seleção.

Saiba quem já ocupou o posto. 

1925 — Ramón Platero (Uruguai) 

Campeão sul-americano de 1917 com a Celeste uruguaia, Platero (1894-1950) foi um grande personagem do futebol do Rio de Janeiro nos tempos do amadorismo, treinando o Fluminense em 1919, e realizando algo impensável nos dias de hoje: dirigiu Flamengo, na primeira divisão estadual, e Vasco, na segunda, ao mesmo tempo — um pela manhã e outro à tarde.

Se tornou o primeiro técnico estrangeiro da Seleção ao dirigir o Brasil no Campeonato Sul-Americano de 1925. Disputado na Argentina, a competição foi marcada pela briga entre jogadores brasileiros e argentinos no jogo final, além de uma invasão de campo (jogadores brasileiros foram xingados de “macaquitos” e agredidos pela torcida), que faria com que o Brasil ficasse, em protesto, três anos sem disputar campeonatos e até mesmo amistosos contra seleções estrangeiras.  

O legado de Platero só foi recuperado recentemente. Até 2012 não se creditava a participação dele como técnico do Uruguai em 1917. A CBF também só esclareceu em 2015 seu papel como comandante do Brasil no Sul-Americano de 1925. 

1944 — Joreca (Portugal) 

Jorge Gomes de Lima, o Joreca, nascido em Lisboa, em 1904, foi um técnico de sucesso no futebol paulista dos anos 1940. Pelo São Paulo, venceu o campeonato estadual em 1943, 1945 e 1946. Também dirigiu o Corinthians em 1949. 

Ao lado de Flávio Costa (que seria o técnico do Brasil no Macaranazzo de 1950), Joreca dirigiu o Brasil em dois amistosos contra o Uruguai em 1944. Duas vitórias para o Brasil: 6 a 1 e 4 a 0. Morreu precocemente em 1949, vítima de um ataque cardíaco.

Joreca, técnico multicampeão pelo São Paulo na década de 1940Joreca, técnico multicampeão pelo São Paulo na década de 1940 (Foto: Instagram/ SPFC)

1965 — Filpo Núñez (Argentina) 

No Dia da Independência de 1965, o Palmeiras representou o Brasil em um amistoso contra o Uruguai na inauguração do estádio Mineirão, em Belo Horizonte. Hoje pode parecer uma escolha estranha colocar um time para jogar no lugar da Seleção, mas na época o Palmeiras de Valdir de Morais, Djalma Santos, Ademir da Guia, Julinho Botelho, Procópio Cardoso e Servílio, entre outros craques, rivalizava com os Santos de Pelé e o Botafogo de Garrincha.  

Com o uniforme da Seleção, o Palmeiras provou sua qualidade e venceu o Uruguai por 3 a 0, com gols de Rinaldo, Tupãzinho e Germano. O jornal A Gazeta Esportiva, de São Paulo, celebrou a vitória afirmando que o “Periquito deu uma de canarinho”. Periquito é o mascote do Palmeiras. Além do elenco palmeirense, o técnico do time foi mantido no amistoso, o argentino Filpo Núñez (1920-1999), que naquele mesmo ano seria campeão do Torneio Rio-São Paulo. Don Filpo, como também era conhecido, se aposentou em 1997, no time feminino do Palmeiras, e morreu dois anos depois.

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noticia por : Gazeta do Povo

terça-feira, 13, maio , 2025 06:31
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