Bahia Farm Show deve movimentar bilhões em negócios e impulsionar o agronegócio do Matopiba

O mercado brasileiro de soja encerrou a semana sob o signo da instabilidade, refletindo oscilação intensa nos mercados internacionais e cautela nas negociações domésticas. Com preços variando entre praças e um ritmo lento de comercialização, o setor foi impactado diretamente pela volatilidade da Bolsa de Chicago e pelas flutuações no câmbio. A combinação de incertezas econômicas e políticas manteve produtores e agentes de mercado em compasso de espera.

As atenções globais estiveram voltadas para o relatório de maio do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que apresentou uma projeção de safra norte-americana de 4,340 bilhões de bushels (aproximadamente 118,11 milhões de toneladas) para o ciclo 2025/26, ligeiramente acima das expectativas. Apesar do aumento na produção estimada, os estoques finais foram reduzidos para 295 milhões de bushels, contrariando a expectativa de aumento e sustentando parte do suporte aos preços internacionais.

O mesmo relatório revelou um cenário de crescimento na produção global, com previsão de 426,82 milhões de toneladas para a próxima temporada. O Brasil aparece como principal produtor, com expectativa de colheita de 175 milhões de toneladas em 2025/26, enquanto a safra argentina deve alcançar 48,5 milhões. A China segue como principal demandante, com projeções de importação de 112 milhões de toneladas.

Internamente, os preços apresentaram variações distintas entre as regiões produtoras. No Rio Grande do Sul, houve leve valorização em municípios como Passo Fundo, Santa Rosa e Rio Grande. Já no Paraná, a cotação em Cascavel recuou. Em praças do Centro-Oeste, os preços se mantiveram estáveis ou apresentaram leve alta, com destaque para Rio Verde e Rondonópolis.

No mercado internacional, os contratos futuros da soja encerraram a sexta-feira com desempenho misto. A posição para julho recuou 0,11%, fechando a US$ 10,50 por bushel, enquanto o contrato de novembro teve leve alta de 0,02%, cotado a US$ 10,35 ½ por bushel. Os subprodutos também refletiram o ambiente de cautela, com recuo no farelo e leve queda no óleo de soja.

O anúncio de um acordo tarifário provisório entre Estados Unidos e China trouxe impulso temporário às cotações, reduzindo tarifas bilaterais e melhorando as perspectivas de exportação norte-americana. Ainda assim, analistas avaliam que a medida poderá desviar parte da demanda chinesa para o mercado americano no segundo semestre, o que pode pressionar os prêmios de exportação brasileiros, especialmente para farelo e óleo de soja.

Outra fonte de instabilidade veio do setor de biocombustíveis. A indefinição em torno da política de metas de mistura nos Estados Unidos, conhecida como Renewable Volume Obligation (RVO), tem gerado fortes oscilações nos contratos de óleo de soja. A expectativa era de que o governo norte-americano anunciasse ainda neste ano as metas para 2026, mas rumores sobre um possível adiamento aumentaram a incerteza. Caso a proposta enviada pela Agência de Proteção Ambiental à Casa Branca seja aprovada com metas abaixo do esperado, pode haver retração na demanda por óleos vegetais, com impacto direto sobre os preços internacionais.

No Brasil, o ritmo das negociações segue contido. A liberação de armazéns para a chegada da safrinha de milho e as preocupações com o mercado internacional contribuem para uma postura mais conservadora por parte dos agentes. A expectativa é de que os movimentos mais consistentes de preços e comercialização ocorram apenas com o avanço da colheita nos Estados Unidos e com maior clareza sobre a política energética americana.

Em um cenário em que os fundamentos seguem sendo redesenhados a cada novo anúncio, o mercado de soja permanece sob tensão, sustentado por dados que misturam otimismo com incerteza e por uma geopolítica agrícola que exige dos produtores e exportadores atenção redobrada.

Fonte: Pensar Agro

FONTE : MatoGrossoNews

sábado, 17, maio , 2025 04:40
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