Frases da semana: “Nós todos somos admiradores do regime chinês” 

“Meu hater não vai ao teatro” – José de Abreu, ator, anunciando nova peça. Isso é fácil de resolver, Zé: basta instalar uma tela de acrílico para proteger o público, como fazem na jaula das lhamas, ou distribuir capas de chuva na bilheteria. 

“Me senti violada” – Patrícia Alencar, prefeita de Marituba-PA (MDB), após suposto vazamento de vídeo em que dança de biquíni. Nós também, prefeita. 

“Não fizemos nenhum juízo de valor e consideramos a presunção de inocência” – Wolney Queiroz, ministro da Previdência, sobre sindicatos envolvidos em fraude bilionária do INSS. Se continuar assim, daqui a pouco descobrem que foi o INSS que roubou os sindicatos. 

“Falar que piada é só uma piada é como falar que assassinato é só um assassinato porque o assassino está vestido de palhaço” – Daniel Duncan, comediante, defendendo a condenação de Léo Lins. Daniel, mais uma vez, prova ser inocente do crime de contar piadas. 

“O papo da liberdade de expressão é sempre contra gente vulnerável” – Reinaldo Azevedo, ex-jornalista. Como os ministros do Supremo, o presidente da República e porta-vozes do regime, por exemplo. 

“Bonecas de silicone hiper-realistas causam frenesi no Brasil” – manchete do The New York Times sobre os bebês “reborn”. Mal vi a manchete, pensei que fosse sobre certas “deputadas”. Mas daí notei a palavra “realistas”. 

“Lamento algumas das minhas postagens sobre o presidente Trump na semana passada. Elas passaram dos limites” – Elon Musk, após acusar Trump de envolvimento com Jeffrey Epstein. Ou “I was moleque”, em bom português. 

“O amor não tem fronteiras” – mensagem do Dia dos Namorados da Embaixada da França no Brasil, junto à foto de Macron abraçando Lula. Mas avisem à madame Macron que é “sem fronteiras”, mas só entre maiores de idade… 

“Quando ele [Zema] for falar mentira do presidente Lula, ele tem que lavar a boca com água sanitária” – Márcio Macedo, ministro da Secretaria Geral da Presidência. Como profilaxia, um gargarejo com desinfetante é recomendável após qualquer citação do nome. 

“Nem todo o aumento de imposto é ruim” – Miriam Leitão, jornalista. Naturalmente: se o aumento de imposto é para os outros e o da verba publicitária é para mim, eu também acharia ótimo. 

“O fato de o réu se autodenominar ‘corno’ implica ofensa ao autor do processo, o novo marido da ex-mulher do réu” – Guilherme Rocha Oliva, juiz, ao aplicar multa de R$60 mil ao ex-marido de Ana Hickmann. Da próxima vez, contrate um personal trainer para a esposa que sai mais barato. 

“Não tem 300 milhões de pessoas no mundo que falam português” – Fernando Haddad, demonstrando não entender como é possível que vídeo do deputado Nikolas Ferreira tenha atingido tantas visualizações. Mais urgente do que resolver o déficit fiscal é o Haddad resolver o próprio déficit cognitivo. 

Só Com Reza Braba 

“Sou totalmente contrário ao tombamento, ao derrubamento dessa igreja. Ao contrário, ela tem que se tornar um patrimônio público de nosso município” – Clayton Sassá, vereador de Capão Bonito (União-SP). Segundo relatos, o vereador abandonou o plenário às pressas quando correligionários sugeriram ovacioná-lo pela iniciativa. 

“Religiões de matriz africana têm maioria branca” – Censo Demográfico de 2022, divulgado pelo IBGE. Daqui a pouco tem pai-de-santo chamando seu orixá de Enzo Gabriel . 

“O candomblé é popular e celebrado no Nordeste do Brasil; a família poderia se mudar para lá com segurança” – decisão da Justiça Americana, negando asilo a brasileiro candomblecista. Não era o despacho que ele esperava, mas pelo menos lhe abriu um caminho. 

A Semana do Mandatário 

“Não sei quanto estou gastando” – Lula, sobre viagens internacionais. Deixa que assim ele economiza nosso dinheiro. Quando ele ficava por aqui “articulando”, a conta saía muito mais cara. 

“Ninguém responde como a inteligência de Israel permitiu que alguém de asa delta invadisse Tel Aviv” – Lula, promovendo teoria da conspiração ao relativizar ataque do grupo terrorista Hamas. Ninguém explica também como a inteligência do Brasil permitiu que sumissem com as imagens do 8 de janeiro. 

“É uma honra ser o primeiro presidente brasileiro a visitar a sede da Interpol” – Lula. E uma grande surpresa terem deixado que ele saísse sem tornozeleira. 

“Crime organizado está na política, no Judiciário e futebol” – Lula. Valeu pela intenção, mas o prazo pra delação premiada já expirou.  

“Telefonei hoje no final da tarde para a companheira Cristina Kirchner e manifestei toda a minha solidariedade” – Lula, sobre ex-presidente da Argentina condenada por corrupção. Imagina a decepção dela ao receber só uma ligação, quando esperava um helicóptero? 

Cantinho da Corte 

“Nós todos somos admiradores do regime chinês, do Xi Jinping” – Gilmar Mendes, ministro do Supremo (STF-MT), durante debate sobre a censura das redes na Corte, que mantém acordos de cooperação com o regime chinês. Quando soube da aproximação do STF com o PCC, não imaginei que se tratasse do Partido Comunista Chinês. 

“Se eu não puder me relacionar com envolvidos com o STF, ficarei trancado em casa” – Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo (STF-RJ), sobre sua intensa socialização com partes interessadas em processos da Corte. Cuidado com esses encontros, que você pode acabar trancado em outro lugar. 

“Tenho vergonha de receber penduricalho” – Bruno Dantas, ministro do TCU, famoso por passar fim de semana em iate luxuoso dos donos da JBS. Uma ninharia, só dá pra comprar espumante nacional e camarão no lugar da lagosta. Imagina o constrangimento de contar isso no convescote do Gilmar em Lisboa… 

“Se o Brasil superar gargalos e resolver o fiscal, tem tudo para ser sensação do mundo” – Luís Roberto Barroso. Ainda bem que superar gargalos é com o Lula mesmo! 

“Já que querem tirar o passaporte do ministro Alexandre, eu sugiro que comecem com a Meta” – Flávio Dino, ministro do Supremo (STF-MA), após consultar IA da Meta, empresa dona do Facebook, para embasar opinião sobre a liberdade de expressão. Será que ele também perguntou pra IA da Meta se o juiz pode ser parte interessada nos casos que julga? 

“Liberdade regulada é a única liberdade” – Flávio Dino, sobre a censura às redes. Pelo visto, Pequim mandou logo o time linha-dura para assessorar os ministros. 

“Teria dúvidas se a gente teria que impor à plataforma o ônus da remoção, ela fazer a censura” – Luís Roberto Barroso, em “ato falho” durante debate sobre a regulamentação de mídias sociais. Eu até tenho uma ideia do quê o senhor poderia enfiar essa censura, mas ela seria censurada no ato. 

“Se eles [big techs] têm lado, têm ideologia, eles devem – como todos aqueles que têm lado e ideologia – ser responsabilizados pelos seus abusos” – Alexandre de Moraes, durante debates sobre a censura das redes sociais. Bem, ao menos ele parece já ter entendido o que está por vir. 

Narcoestado Democrático de Direito 

“Pessoas com ligações a facções criminosas já estão na política.[…] Não sou responsável por investigar as acusações contra Oruam […], que, apesar de todos os pesares, tem uma legião de fãs e 11 milhões de ouvintes mensais” – Érika Hilton, membro da Câmara dos Deputados (PSOL-SP), ao oferecer mentoria a filho de líder do Comando Vermelho. Como diria Fafá de Belém, “vermelhou no curral”. 

“Coloca vermelho na bandeira do Brasil, que tá tudo sujo de sangue inocente” – Oruam, funkeiro ligado ao CV e nova esperança da esquerda tupiniquim. Na eleição passada bastava o político vestir o bonezinho vermelho; agora já querem a bandeira inteira? 

“O crime organizado, pra mim, são empresários. Qual a diferença do Marcinho VP, Marcola, Peixão, Beira-Mar pro dono da Ajinomoto, da Souza Cruz ou da Ambev?” – MC Smith, funkeiro. Faz o teste: vai no SAC do Marcinho VP reclamar do produto e vê se ele te dá número de protocolo. 

Acusando o “Golpe” 

“Foi conversado algo sobre o meu nome nessa reunião?” – perguntou Alexandre de Moraes, durante interrogatório de Mauro Cid. Eu diria que no máximo duas vezes. Na terceira, reza a lenda urbana, o ministro se materializa na sua frente. 

“Posso fazer uma brincadeira?” – Jair Bolsonaro perguntou a Alexandre de Moraes durante depoimento. Deixa eu adivinhar, vai ser com a nossa cara de novo? 

“Eu gostaria de convidá-lo para ser meu vice em 2026” – Jair Bolsonaro, brincando com Alexandre de Moraes. Segundo o Datafolha, Moraes seria o segundo favorito entre os ex-companheiros do capitão – à frente de Mourão, mas ainda perdendo para a bolsa de colostomia. 

“Eu não ia me submeter a maior vaia da história do Brasil” – Jair Bolsonaro, explicando por que não passou a faixa para Lula. Deve ter aprendido com um certo ex-ministro que o mais importante é “preservar sua biografia”. 

“Tem sempre os malucos que ficam com aquela ideia de AI-5, intervenção militar” – Jair Bolsonaro, sobre seus apoiadores mais radicais, durante interrogatório no STF. Todos os dias, um “maluco” e um malandro saem de casa, mas não se encontram porque o malandro foi pra Disney e o “maluco”, pra porta do quartel. 

“Eu sei, eu que decretei” – Alexandre de Moraes, após General Braga Netto lembrar-lhe que estava preso, durante depoimento. Como se o Coringa fosse se esquecer do dia em que finalmente pegou o Batman (ou o Robin). 

“Realmente não havia oportunidade” – General Augusto Heleno, sobre ter defendido qualquer atitude “ilegal”, durante interrogatório do julgamento do “golpe”. Parece que alguém esqueceu de reservar o táxi e agora está desconversando… 

“Eu arrecadei mais dinheiro do que o Criança Esperança” – Jair Bolsonaro, sobre campanha para doações via Pix. Então foi propaganda enganosa. Quando vi o Jair Renan pedindo Pix, doei achando que era pro Teleton. 

“Saio do tribunal tranquilo e mais confiante de que serei o próximo presidente” – Jair Bolsonaro, após depoimento no STF. O próximo presidente a ir em cana. 

Memória 

“O mundo está chato pra cacete” – Lula, sobre excessos do politicamente correto, em abril de 2022. Depois de tudo que aconteceu, Lula acabar preso por uma piada seria a piada do século.  

“Nosso próximo confronto com Israel será muito mais devastador e destrutivo” – Hossein Salami, ex-comandante da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã, horas antes de ser morto em ataque aéreo israelense. E não é que ele acertou?

Ari Fusevick é brasileiro não-praticante. Escreve sobre filosofia, economia e política, na margem entre o inconcebível e o indesejável. Colabora com a Gazeta do Povo, Newsmax e New York Post. Autor da newsletter “Livre Arbítrio” e do livro “Primavera Brasileira”.

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noticia por : Gazeta do Povo

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