“Hugo Motta anunciou que tinha sido uma reunião produtiva e que eles tinham chegado a um acordo e que o governo tinha apresentado uma proposta muito menos danosa, nas palavras dele, do que o decreto de IOF original”, relatou Thais Bilenky.
Mas o otimismo durou pouco. Em menos de 12 horas, o tom já começou a mudar. Na quarta-feira, a União Progressista – federação formada pelos partidos União Brasil e Progressistas, com mais de 100 deputados e 14 senadores – anunciou que fecharia questão contra o projeto do governo.
O ponto de virada veio na terça-feira, quando o ministro Flávio Dino, do STF, determinou que governo e Congresso explicassem sobre o suposto pagamento do “novo orçamento secreto” – um furo jornalístico da colunista Natália Portinari, do UOL, que mostrou verbas do Executivo sendo usadas como moeda de troca no Congresso.
Para José Roberto de Toledo, o episódio revela problemas estruturais na articulação política do governo. “O governo não tem maioria de votos na Câmara, a não ser que ele alugue esses votos, seja por emendas parlamentares e executivas, seja por quaisquer outras maneiras, mas o fato é que não tem”, afirma.
Segundo o colunista do UOL, há um problema ainda maior: a confiabilidade do presidente da Câmara. “O que o Hugo Motta fala não se escreve, porque ele fala uma coisa para um e outra coisa para outro”, critica Toledo. “Diferentemente do Arthur Lira, que, quando tomava uma decisão, bancava essa decisão e ia até o final, o Hugo Motta não é confiável, porque você fecha um acordo com ele de manhã e ele fecha outro acordo 180 graus diferente à tarde com outra pessoa.”
O cenário se complica ainda mais com a deterioração da popularidade do presidente Lula. Pesquisa Ipsos/Ipec divulgada nesta semana mostra o pior momento do terceiro mandato: nunca a desconfiança foi tão alta, nunca a soma de avaliação ruim e péssima foi tão grande, e nunca a desaprovação superou tanto a aprovação.
noticia por : UOL