O Reino Unido anunciou nesta segunda-feira (2) uma reforma na estratégia de defesa do país para reagir às “novas ameaças” do mundo atual, citando diretamente a Rússia, ciberataques, ameaças nucleares e o uso de drones.
O relatório afirma que o país investirá em novas tecnologias como armas de longo alcance e inteligência artificial, além de um programa de ogivas nucleares. A Revisão Estratégica de Defesa foi encomendada pelo governo do primeiro-ministro Keir Starmer logo após sua chegada ao poder, em julho do ano passado.
Um texto assinado pelo premiê dentro do relatório afirma que é o maior aumento no orçamento de defesa britânico desde o fim da Guerra Fria —a meta é elevar os gastos dos atuais 2,3% do PIB (Produto Interno Bruto) para 2,5% até 2027. A ambição da gestão trabalhista é atingir 3% do PIB durante a próxima legislatura, ou seja, depois de 2029.
“A própria natureza da guerra está sendo transformada nos campos de batalha da Ucrânia e devemos adaptar nossas forças armadas e nossa indústria para liderar essa inovação”, diz o premiê no texto.
O ministro da Defesa, John Healey, também citou o conflito com a Rússia, afirmando que “os drones já matam mais pessoas do que a artilharia tradicional”. E seguiu: “Quem conseguir colocar nova tecnologia nas mãos das suas forças armadas mais rapidamente vencerá”.
O relatório foi realizado por uma equipe liderada pelo ex-secretário-geral da Otan (aliança militar ocidental) George Robertson. O documento apresenta 62 recomendações para enfrentar “uma nova era de ameaças”.
O governo afirmou que aumentará o tamanho de sua frota de submarinos de ataque movidos a energia nuclear. Além disso, anunciou que destinará 15 bilhões de libras (aproximadamente R$ 111,9 bilhões) para desenvolver um novo modelo de ogiva nuclear.
O Reino Unido planeja expandir o número de militares para 100 mil, incluindo forças regulares e de reserva, e construir ao menos seis novas fábricas de produção de armas e explosivos no valor de 1,5 bilhão de libras (R$ 11,5 bilhões).
O objetivo, segundo o documento, é criar um Exército “dez vezes mais letal”.
“A Rússia, um estado armado com armas nucleares, invadiu e ocupou brutalmente parte de um estado soberano vizinho. E ao fazer isso, foi apoiada pela China, abastecida com equipamentos do Irã e por tropas da Coreia do Norte, implantadas na Europa pela primeira vez”, aponta o relatório.
“A imprevisibilidade absoluta desses e outros eventos globais, combinada com a velocidade de mudança em todas as áreas, criou novas ameaças e vulnerabilidades alarmantes para nosso país —e uma complexidade perigosa no mundo.”
noticia por : UOL